Depois de três anos de negociações, o Anti-Counterfeiting Trade Agreement (Acta) foi assinado no sábado, 1, em Tóquio, prometendo endurecer radicalmente as regras antipirataria em todo o mundo. Estados Unidos, Canadá, Coreia do Sul, Japão, Marrocos, Cingapura, Austrália e Nova Zelândia são os primeiros signatários, mas outros países ? como México, Suíça e membros da União Europeia ? podem aderir até 1º de maio de 2013.
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ONGs a favor da flexibilização do copyright só tiveram acesso ao texto finalizado, em dezembro do ano passado. Para Gigi Sohn, chefe da organização Public Knowledge (uma das convidadas para debater o projeto), a construção das propostas foi "extremamente falha". Em um comunicado, o representante afirmou que o Acta deveria ter sido debatido em detalhes no Senado ou em um fórum internacional multilateral.
O ponto mais polêmico certamente é o que fala que provedores de acesso e a polícia devem agir para "prevenir" e impedir infrações da propriedade intelectual, o que pode levar à desconexão forçada de reincidentes e de alguma forma impedir a livre circulação de ideias na internet e também fora dela.
O Brasil diz que não assinará o Acta, mas isso não quer dizer que o País ficará livre das pressões relacionadas a ele.
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ENTREVISTA: 'Brasil não vai assinar o acordo', diz Itamaraty
Kenneth Félix Haczynski, chefe da Divisão de Propriedade Intelectual do Itamaraty
Por que o Brasil não aderiu ao Acta?
O Acta é um acordo que nasce com pouca legitimidade, negociado por um grupo restrito de países, não foi discutido multilateralmente e a sociedade civil não participou do processo. Os Brics não participaram, assim como nenhum país sul-americano. O Acta torna muito mais rígidas as medidas antipirataria, com as quais o Brasil também é comprometido. Mas não acreditamos em receita pronta.
Qual sua opinião sobre a aplicação do acordo na internet?
As disposições levam ao modelo 'three strikes and you're out' (três advertências e está fora) , que desconecta os infratores. Ao tentar agilizar o combate à pirataria, corremos risco de comprometer direitos, a privacidade e a liberdade da rede.
O Acta servirá como elemento de pressão para a aprovação de leis nacionais mais rígidas?
Acho possível que o Acta seja imposto a vários países, mas não ao Brasil e a outros países emergentes. O grande problema do Acta é que as suas disposições são focadas demais em um lado só, o dos grandes detentores de copyright. O que queremos é mais equilíbrio, principalmente no meio digital.
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